Uso compulsivo da internet não é uma doença: Na realidade, isto mostra como a mente funciona

Uso compulsivo da internet não é uma doença: Na realidade, isto mostra como a mente funciona

novembro 20, 2022 0 Por Pamcyberps

A internet faz parte do nosso dia a dia e muitas pessoas não conseguem nem imaginar um dia poder viver sem ela. Ter um comportamento compulsivo de ficar checando o Facebook ou mensagens de texto, por exemplo, pode não estar diretamente relacionada com algum problema de saúde mental.

A nossa mente é conectada de uma forma que faz com que as tecnologias digitais tenham o poder de absorver toda a nossa atenção, seja através dos nossos desejos de estar sempre conectados ou das recompensas mentais e estímulos que conquistamos com alguns cliques.

Por definição, um comportamento compulsivo é aquele que se repete de forma crônica e evolui para um estado de ansiedade quando não se tem acesso ao que precisa.

Um estudo liderado por Moez Limayem presidente da Universidade do Norte da Flórida sobre uso de telefones celulares revelou que a principal motivação para o uso de celulares não é por prazer, mas sim a uma resposta aos níveis elevados de estresse e ansiedade.

Tom Stafford da Universidade de Sheffield na Inglaterra diz que a escala de tempo que você trabalha com tecnologias online é fundamental para torná-la atraente. O que mais interessante você conseguiria fazer em apenas 5 minutos? Por que não dar uma olhadinha no celular, não é mesmo?

Estamos sempre em risco de desenvolver um quadro de ansiedade quando não preenchemos nosso tempo vago de alguma forma. É difícil e até desconfortável estar a sós conosco e com nossos pensamentos.

A armadilha da recompensa encontra o ambiente perfeito no mundo virtual. Uma vez que você se deixa recompensar algumas vezes, o gatilho para buscar mais recompensas é acionado.

Em alguns estudos realizados com o uso de telefones celulares, psicólogos descobriram que quando algumas pessoas eram separadas de seus telefones, elas apresentaram uma elevação nos batimentos cardíacos.

O psicólogo Alejandro lheras, da universidade de Illinois, liderou um estudo sobre emoções e o uso de smartphones, e percebeu-se que alguns dos participantes utilizavam os telefones celulares para evitar experiências e sentimentos negativos e também para saber lidar com situações que poderiam causar ansiedade. Os telefones celulares tomavam o papel de um cobertor, que dava conforto e tirava a pressão externa de ter que engajar com o ambiente ao redor.

Um outro estudo realizado pelo instituto internacional de mídia e agenda pública da Universidade de Maryland, mostrou o quanto estar isolado do mundo online pode direcionar as pessoas para um abismo de crise existencial.

Pesquisadores desafiaram 200 estudantes para abdicar dos seus telefones celulares, computadores e qualquer outro equipamento conectado a internet pelo período de 24 horas. Após a experiência, os estudantes disseram que se sentiram desconectados e ansiosos como se eles estivessem perdendo alguma coisa, alguns dos adjetivos utilizados foram bastante expressivos e com uma linguagem que denota intensidade como: um desejo frenético, muita ansiedade, extremamente impacientes, miseráveis, nervosos e malucos.

Um dos estudantes relatou que: ‘ Escrever mensagens de texto para meus amigos me traz uma sensação de conforto. O fato de eu não poder me comunicar com ninguém através de algum meio tecnológico foi quase que insuportável’

Um outro estudante relatou que: ‘Eu me senti totalmente desconectado de todas as pessoas que estavam me chamando, mas na realidade, elas nem estão lá na metade do tempo mesmo’.

Já um outro estudante relatou que: ‘ Eu não consegui lidar com a experiência de ficar sozinho no meu quarto, sem nada para fazer ou para ocupar minha mente. Eu não consegui completar o experimento e desisti’.

Se atualmente existência pode ser definida pela nossa presença online, então, pode-se dizer que não estar online é quase que não existir.

A história humana não conhece maior motivação do que propósito de existência. Se não estamos online, não estamos conectados e se não estamos conectados, praticamente não existimos. A nossa ausência online no mundo moderno pode gerar uma crise de ansiedade existencial muito difícil de ser suportada.

A compulsão digital não se deve ser entendida como uma patologia, mas como o resultado de como a dinâmica do mundo online atinge de forma certeira e profunda a psique humana.

Gostou do artigo? Para acessar a versão original em inglês:https://www.statnews.com/2017/02/08/social-media-compulsion-mental-illness/